quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Short-fic

Bom, hoje eu não tenho nenhuma novidade pra contar, só que estou morta de cansada, passei o dia na piscina do clube de onde sou sócia, estou vermelha feito um camarão e sentindo um calor absurdo. Fora isso, tá tudo ótimo! Então hoje decidi postar algo para quem gosta de Harry Potter, como eu. Eu escrevi essa fic há um tempo, é bem curtinha. É uma carta, fictícia, obviamente, de Severus Snape para... ninguém, é mais como um desabafo mesmo. Espero que gostem!

"Após a morte de Severo, foram à sua casa, para a retirada de suas coisas e a limpeza do ambiente. Vasculharam por horas, até que encontraram um papel dobrado. Estava muito bem escondido e protegido por feitiços que logo foram quebrados. Não sabendo o que poderiam encontrar ali, deram-no a Potter, para que ele o abrisse e o lesse. E ele o fez.
"Não sei como começar. Não sei como terminar. Sei que lhe amo, apenas. E essa é a única coisa que realmente importa. O amor. Ultrapassou barreiras e limites, venceu a morte, sobreviveu, mesmo com todas as dificuldades e diferenças. Tomamos caminhos diferentes em vida, tomamos caminhos diferentes em direção à morte. Depois que você se foi, meu mundo desabou. Mesmo casada e com um filho, família que não me incluía, eu nunca deixei de lhe amar. Seria possível suportar a dor, sabendo que você estava bem, que estava feliz. A sua felicidade era o que eu queria, e eu faria qualquer coisa para vê-la assim. Até vê-la com um homem que não merecia seu amor, sua confiança. Que não merecia você. Mas, pelo seu sorriso, eu poderia conviver com isso. O seu sorriso é o mais lindo. Ou foi. Também não sei. Estou engasgado com esse sentimento que me persegue, que insiste em existir. Que me coloca em confronto com meus instintos e meus outros sentimentos todos os dias. Você morreu por amor, ao proteger seu filho. Eu não poderia deixar que esse motivo fosse em vão, que seu sacrifício fosse em vão, então me prometi que continuaria sua tarefa, que o manteria são e salvo, o máximo que pudesse. Mas é muito difícil, você nem imagina o quão é difícil dedicar meu tempo, meu esforço, minha vida à proteção do sucessor do homem a quem eu impunha meu ódio. Que o fizera por merecer. Só de olhar para seu filho me vêm a memória lembranças que eu esperava conseguir bloquear. Tais que me fizeram quem eu sou, me moldaram, modificaram meu modo de pensar, de agir e de sentir. Tais que foram importantes na minha vida, mas que, mesmo trazendo seus benefícios, vinham acompanhados de uma excruciante dor. Dor que, com o tempo, eu aprendi a suportar. Dor que se torna ainda mais profunda ao ver o olhos do menino, tão parecidos com os seus. Eu nunca imaginei que uma só pessoa fosse capaz de se contradizer de forma tão intensa. Nostalgia, raiva, rancor. Nada, por mais que eu tentasse, poderia me fazer sentir algum sentimento bom ao olhar para aquele garoto. Mas então, subconscientemente, surgia aquele amor. Amor que me fazia aguentar todo o sofrimento e cumprir minha promessa de fazer valer o seu esforço. Que me deixava à mercê de tudo que era ruim, para que minha mente brincasse comigo, me voltando contra mim. Como um único sentimento é capaz de vencer todos os meus outros, que me partem a alma, eu não sei. Sentimentos que me dividem em dois, um a se rebelar contra o próprio instinto faternal, que eu mantenho afetuosamente por um filho que não é meu, e o outro, que me faz ter tal afeto, que me deixa submisso à ele. É incrível como você exerce poder sobre mim, mesmo estando assim, tão longe, ainda consegue me controlar, me manter sob seu comando. Me manter lutando por um sorriso que eu nunca mais verei, uma felicidade que nunca mais será demonstrada na minha frente. Talvez minha morte, quando chegar, seja recebida com alívio. Mas, de qualquer forma, eu não posso me deixar ir, enquanto minha missão não estiver cumprida, enquanto ele, e, provavelmente, o resto da humanidade também, estiverem salvos. Mas eu não sei. Não sei o que o destino reservou para mim. Não sei o que o destino reservou para qualquer pessoa. Eu nem sabia que teria que passar por toda essa angústia pela morte de uma única pessoa. Nem nunca havia cogitado a possibilidade de me apaixonar por alguma bruxa filha de trouxas. Você conseguiu driblar até a minha natureza, da qual eu não me orgulho, para falar a verdade. Costumava me orgulhar, até te conhecer. A partir daquele momento, tudo mudou. E então, você se foi. E doeu. Uma dor que eu nunca havia imaginado ser capaz de suportar. Uma dor dilacerante, aqui no peito. Uma dor que nunca se vai, que não dá tréguas. Uma dor eterna. Se for de alguma importância, saiba que eu não sei por que lhe escrevo isso. Não sei por que tenho essa necessidade de passar tudo o que vem me destruindo para o papel. Não sei nem o que escrevo aqui, não estou pensando muito bem. Esse é um dos poderes que você tem sobre mim, me impede de raciocinar com total ciência e clareza. Como eu disse antes, só o que sei é que lhe amei. E ainda amo, como nunca fui ou serei capaz de amar outro alguém. E continuarei a amar, sempre. Além disso, nada sei, nada sou. Não sou mais homem, sou apenas amor."
Uma lágrima escapou dos olhos de Harry ao terminar de ler a carta. Ele sempre conheceu o lado que Snape escolhia mostrar a ele e aos outros, nunca conseguiu chegar tão fundo em seus pensamentos até atingir seu lado humano. Ver o quanto ele amou sua mãe foi como desvendar o segredo mais profundo de alguém. Foi como finalmente decobrir quem era Severo Snape. Sua admiração por ele não poderia ir além do que já havia alcançado. Harry não poderia ter esperado que alguém melhor amasse Lilian. Dobrou a carta, colocou-a no bolso e levou-a para sua própria casa, onde guardou-a cuidadosamente em uma gaveta vazia. E então, nos aniversários de sua mãe e de Severo, tanto de nascimento quanto de morte, ele lia a carta em voz alta, e deixava que o vento levasse as palavras a quem precisasse e merecesse ouví-las."

2 comentários:

  1. Como uma grande pottermaníaca, te dou os parabéns Ficou ótima, bem como eu imagino o que se passa dentro do Snape!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Gabi! Eu tentei transmitir o que eu penso que o Snape sente, e acho que deu certo! *-*

      Excluir